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#1 Aventuras e Confissões de uma Mulher Desperta

  • Foto do escritor: Roberta Fauth
    Roberta Fauth
  • 3 de nov. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 14 de jan.



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Essa história fica mais envolvente se lida ao som desta música aqui: https://open.spotify.com/intl-pt/track/6MowG7MRVgPfGlCMsXKMJ2?si=26f3de933f7a43fe


Era fevereiro. Fazia tempo que eu não sabia o que era tirar um tempo só pra mim. Férias. E férias que não envolvem somente deixar de lado os compromissos e preocupações do trabalho. São férias de casa, do marido, férias da vida comum que a rotina estraga bastante. Férias da sensação de anestesia daquilo que é um problema, mas a gente varre pra baixo do tapete. “Depois eu penso nisso”. Estava na hora de experimentar algo novo. Em todos os sentidos. E essa ficha só caiu depois que fizemos uma foto em família. Eu me olhei nessa imagem e definitivamente não me reconheci. não havia nada de mim naquela imagem. Chorei de soluçar sem que ninguém conseguisse me consolar. Uma pessoa nova precisava sair dessa casca. Eu tinha começado um caminho sem volta.

 

Havia muito tempo que eu não olhava para os lados, que não tinha uma experiência sexual com alguém diferente. Por isso aproveitei que estava geograficamente longe da minha zona de conforto e baixei um app. Eu sou muito boa com as palavras, atrair a ateção dos tipos que me interessam não foi difícil. Marquei um date com um menino alto, o rosto sem barba, com uma aparência asseada e um cheiro amadeirado que foi escolhido pra mim. Ele começou uma conversa casual, mostrou seu drinque colorido, aquele olhar oblíquo de quem acabou de chegar na casa dos 30, e que ainda busca terreno seguro para pisar. Eu não precisava de certezas, muito menos de segurança — e deixei que ele soubesse. Decidi que por hoje, ele poderia conduzir, aquela pretensão pueril de se sentir no comando. Ah, como eles adoram esse jogo de "eu sou o dono da situação". Nos primeiros quinze minutos, me calei. Dei a ele essa breve sensação de controle, uma ilusão de domínio que é doce e venenosa, feito mel com um toque de limão. Não demorou para que entendesse que há um limite, quase invisível, onde a verdade se desfaz e o meu olhar me entrega: você é quem está sendo caçado, querido.

 

Já passei por tantos perfis: o jovem idealista, o esportista, o artista em crise, o executivo arrogante, o descolado medroso, o gasparzinho, o divertido, o desapegado, o generoso, o insaciável. Essa lista é extensa, mas considero essas palavras como descrições qualitativas secundárias. Cada um tinha sua forma única de tentar se impor, mesmo quando o jogo já estava perdido. Eu chamo isso de "dominação maleável". Eles são como argila. Eles pensam que são os escultores, quando na verdade são as peças que se moldam ao toque das minhas mãos. Me impressionei como eu não perdi o jeito. Eu ainda estava ali. Estava viva, estava ardente e precisava apenas de um objeto transicional onde focar a minha atenção. Eu ainda tinha tesão, afinal. Claro, a questão, no caso desse garoto, vai além da idade. Eu diria que se trata do nível de entrega e do quanto ele estava disposto a se perder, um pouco, dentro dessa dinâmica fluida. Sinto que vivemos numa época onde tudo escorre pelos dedos. Os amores são à prova d'água, à prova de dor, mas também à prova de profundidade. São adaptáveis, descartáveis. Em vez de laços, temos nós frouxos, prontos para desatar ao menor sinal de mudança.

 

A nossa conversa foi tão superficial quanto precisava ser. E então ele me perguntou o que eu esperava dele, com um olhar que misturava expectativa e incerteza. Pergunta perigosa, eu diria. Queria entregas, sim. Mas não essas óbvias que se conseguem entre lençóis. Eu buscava a energia da entrega que está nos detalhes do comportamento, no jeito como eles cedem ou resistem, como desnudam ou ocultam a si mesmos em cada palavra ou gesto. Eu queria saber que experiências sensoriais ele poderia me oferecer. E a nossa interação sexual foi muito ruim. Muito ruim sob o aspecto de que eu só precisava perceber que ainda era capaz de atingir um objetivo: uma conquista fria e precisa, e ele - sabe-se lá o que ele queria. Talvez apenas sexo mesmo. Então ele foi negligente, impreciso e egoísta. Típico merda. E é incrível como isso não me abalou em absolutamente nada. Sabe? O meu corpo é a coisa mais fácil de alguém possuir. Mas o que me atravessa, o que me faz desejar tornar uma experiência inesquecível é muito mais difícil de conseguir. Dei a ele tanta frieza quanto recebi. Mas no fundo, bem lá no fundo, eu eternizei aquele sorriso porque, por pior que ele seja na cama, ele foi o primeiro, depois de muito tempo, que despertou exatamente as reflexões que eu proponho trazer aqui, foi o primeiro passo de uma jornada de mudança na minha vida e da percepção de uma sede estranha sobre colecionar, classificar e entender do que eu gosto, o que eu espero, o que me sacia e o que me repulsa. Existe algo que me prenda? Decidi que cada novo homem que eu encontrar vai me instigar a descobrir onde, exatamente, os limites da entrega e da fuga se misturam — como água e óleo — e até onde esses garotos ousam ir antes de finalmente se renderem a todos os desejos que eu ousar compartilhar com eles.

 

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Eu sou Lilith Sem Roteiros e vou compartilhar com vocês as minhas experiências, reflexões, encontros e descobertas nas minhas aventuras amorosas fluidas.

 
 
 

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